terça-feira, 23 de junho de 2009

Bibliófilo

De maneira geral, considera-se que os dois critérios fundamentais para julgar a importância de uma obra seriam: sua raridade e a importância do referido escrito na tradição cultural à qual ele se insere.
É nesse sentido que se multiplicam a cada dia livrarias de "obras raras" ou "livros raros". Mas o que é raro? De início, aquilo que é considerado raro pela maior parte dos bibliófilos é a primeira edição. A primeira edição possui uma aura mágica, que se liga, fundamentalmente ao fato de que foi e é a primeira aparição pública de uma obra para o público leitor. Por exemplo, o indivíduo que percorra as mãos pelas páginas de uma primeira edição de Machado de Assis, como Dom Casmurro, por exemplo, saberá que foi daquela forma, com aquele tipo, aqueles eventuais erros de correção, aquela encadernação e aquele papel, que o "bruxo do Cosme Velho" fez conhecer ao mundo essa obra maravilhosa que é até hoje um clássico brasileiro. O segundo tópico, a importância histórica, liga-se à vida da obra em si.
Uma primeira edição de Racine e Molière valem muito, tanto em termos financeiros quanto históricos, ao passo que uma primeira edição de Amadeu Amaral vale pouco. Racine e Molière fundaram o teatro clássico francês, e foram escritores brilhantes, Amadeu Amaral foi um poeta de razoável importância no Brasil do século XIX e XX, mas nada que se compare para o Brasil, com o que os dois foram para a França. Primeiras edições fazem-se todo o dia, de autores que pouco sobrevivem, o fato de ser a primeira edição por si só não nos diz nada.